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domingo, junho 26, 2016

Psicologia - Frase da semana, 26JUn16: ESTAMOS A MATAR OS SONHOS DOS NOSSOS FILHOS

Psicologia - Frase da semana, 26JUn16: ESTAMOS A MATAR OS SONHOS DOS NOSSOS FILHOS

«Estou enojado com a educação escolar de hoje, que é uma
fábrica de incultos sem respeito pela memória. [...] Quando era criança, existia a possibilidade de cometer grandes erros. Quem não tiver a liberdade de errar na juventude, nunca se tornará um ser humano completo.» (George Steiner, Visão, n.º 1218, edição 7 a 13/o7/2916, pp.10-12)

Noutro apontamento falarei sobre o que George Steiner diz nesta entrevista sobre a memória.
Por agora quero centrar-me no eco do seu pensamento sobre a educação e o futuro das gerações mais jovens, as que sucessivamente as gerações mais velhas vão educando.
  1. Olhando a educação oficial que grassa pelo Mundo, estou inteiramente de acordo com Steiner: no nosso País, aponto claramente o dedo a decisores oficiais, tais como: Maria de Lurdes Rodrigues, Isabel Alçada, Nuno Crato, mais outras eminências pardas da Educação e do Ensino oficial, e as suas equipas de "sábios" e "especialistas".
  2. É verdade, esquecemo-nos que, afinal... errar é humano!
  3. Há erros das crianças e dos jovens que, oficialmente, se foram tornando intoleráveis nas escolas e que complexos regulamentos e procedimentos administrativos e burocráticos disfarçam por baixo do manto diáfano da "democracia tolerante" e das perversas "sucessivas oportunidades" dadas aos alunos faltosos e suas famílias
  4. A figura dos gabinetes de disciplina em tantas escolas acumula tantas e tantas histórias absurdas e surreais!...
  5. Entretanto, à custa de tantas horas subtraídas aos direitos da família e do descanso pessoal, muitos professores e directores de turma resistem e insistem em autênticas acrobacias pedagógicas para manter o grande sentido de humanidade na relação pessoal com os seus alunos, naquela dimensão que verdadeiramente alimenta os afectos positivos e promove os valores do respeito pelo outro, do companheirismo e da solidariedade.
«Muitos dizem que as utopias são idiotices. Mas, em qualquer caso, serão idiotices vitais. Um professor que não deixa os seus alunos pensar em utopias e errar é um péssimo professor.» (p. 11)
George Steiner não é um oráculo a quem tudo se pergunte e a tudo responda com saber consolidado.
Terá 12000 livros na sua biblioteca, o que me faz pensar que, ou faltam-lhe, mesmo assim, alguns (bons) livros sobre Psicanálise, ou tem-nos lá mas nunca os leu - é que o que ele diz na entrevista sobre a Psicanálise é de um muito lamentável, irritado e estereotipado preconceito. Enfim, é o seu direito a errar; e, como diz o Povo, aprender até morrer.
[texto publicado em 07Jul2016]

segunda-feira, abril 11, 2016

O QUE DEFINE UMA ESCOLA?

Psicologia - Frase da semana, 10ABR16: O QUE DEFINE UMA ESCOLA?


"A Educação é uma forma de viver hoje, não é a preparação para
se viver amanhã."

"Education is a process of living and not a preparation for future living.John Dewey

O seguinte texto é de David Gamberg, e é especialmente recomendado por Sir Ken Robinson.
Pessoalmente, gosto muito do texto.
Words matter. They matter in all aspects of life, especially when we are talking about how to define a school. Of course, brick and mortar are only a small part of the story. The academic and emotional climate, both inside and outside the physical space, gets us closer to an understanding of what forms the basis of any school. Throughout our country, we have many opinions, positions, and reform efforts competing to control the narrative not only of what defines a school, but also, more significantly, of what it means to be educated in 2016 and beyond.
My daily travels in the schoolhouse as a superintendent give me an inside look at what constitutes a school. I am fortunate that my professional work over the last 30 years has put me inside dozens of schools and in contact with hundreds of educators, scholars, and support staff. I have also had the good fortune to be in the company of thousands of children and their families. No, I do not consider myself an expert on all things that define a school. I do, however, have a vested interest in seeing that the schools of today and those that are created in the future are shaped with the care and respect they so richly deserve.
The call to have children as young as 8 or 9 years old "college- and career-ready" does not create the same narrative as building a sound foundation in childhood filled with play and creativity. Among the many other more important ways to engage the hearts and minds of our youngest students, we must promote the childhood experience in all its wonder.
Schools have always existed as an expression of how a given community values its children, and how a society looks at the future—a covenant handed down from one generation to the next. The problems that beset our social, political, and economic well-being as a nation are, in fact, not born at the doorsteps of our schools. They are certainly not derived exclusively from the province of our public schools. The crumbling roads, bridges, and tunnels of the infrastructure that is the lifeblood of a thriving economy demand our attention, as does the scourge of substance abuse wreaking havoc on families of every demographic group.
Local neighborhood and even family issues that confront all generations, from toddlers to senior citizens, are ever-present in our daily lives. If schools do play a part in shaping our future—and I believe they do—how we articulate the issues matters as much as how we marshal the will and resources to meet these challenges.
The calls to shutter schools, to replace and dismantle them, are being offered by those with a variety of other interests. These are not the solutions we should accept. They create a hostile dialogue that reflects the worst in our democratic discourse. In the last 10 years, we have witnessed a rapid decline in civility, an unfettered belligerent approach to the questions central to the teaching and learning process.
Words matter in how we discuss our schools and the issues that confront all communities. How this conversation occurs has changed in recent decades across the entire country, from small rural towns to large suburban and urban communities. Technology affords us wonderful ways to gather data points that could promote change, but it may still fail to foster a deliberative and thoughtful dialogue regarding the seeds of our problems. The most basic elements of our humanity must not get lost in the pursuit of a faster, data-driven decisionmaking process. Such is a key element of our current fascination with a punitive, high-stakes testing environment designed to sort and select students and teachers.
So, what truly defines a school? For me, the exchange between child and adult is at the heart of it. That exchange may be subtle or vigorous—not rigorous. Rigor, which shares roots with the Latin rigor mortis, implies severity, rigidity, and stiffness—all connotations that restrict the learner and the learning process—while vigor implies energy and dynamism.
Yes, words matter. The best learning occurs when both teacher and student are in pursuit of a deeper understanding. It is a quest that is based on love, one that is filled with authentic, joyful, challenging, and impactful experiences. A school is a place of respect and wonder.
The search to create, discover, reveal, and share is an unending journey that occurs in the best of our schools: the child immersed in beautiful poetry, the student acquiring the skill of using a watercolor-paint brush, the rendering of a museum-quality display of artifacts. Scientific experiments, research papers, debates, and discussions centered on classic literature are the means through which students explore and discover ideas. Unpacking the essential elements of contemporary issues and having students learn to take responsibility for their actions coalesce to teach valuable lessons that extend beyond the school walls. Students who present their learning before a panel of adjudicators and get so immersed that they lose track of time are then at their optimal disposition to learn. No reward or punishment necessary.
All members of a community, from custodians to teachers and principals to kindergartners, are the learners of a true school. A climate of fear and hostility, or a tone of acrimony and mistrust, will yield neither a school that serves the needs of children nor the globally competitive country that some imagine will arrive when we replace the old with the new. Schools of the future—no matter their size, technological sophistication, or cost-effectiveness—should always begin with the best qualities of our humanity.
We must choose our words carefully in this fight. We must strive to retain the core values that define a school as a place that upholds the tenets of our democracy and cares about people, rather than a place that efficiently manages the system or pits stakeholders against one another.
"Education," in the words of John Dewey, "is a process of living and not a preparation for future living."

domingo, janeiro 10, 2016

Psicologia - Frase da semana, 10JAN16: AS SOMBRAS NÃO SÃO AS COISAS, MAS AS COISAS TAMBÉM NÃO SÃO SEM AS SOMBRAS QUE PROJECTAM

Psicologia - Frase da semana, 10JAN16: AS SOMBRAS NÃO SÃO AS COISAS, MAS AS COISAS TAMBÉM NÃO SÃO SEM AS SOMBRAS QUE PROJECTAM


«Muitos são aqueles que experimentam e gostam muito de desenhar, mas não têm talento; e isso vê-se bem nos rapazes que não são diligentes e nunca acabam os seus desenhos com sombras.» (Leonardo da Vinci) (1)

A seguir, o escrito que surge no caderno de notas de Leonardo da Vinci, sugere claramente a pedagogia do notável homem do Renascimento:
«Os jovens deveriam começar por aprender a perspectiva, e a seguir a proporção dos objectos. Depois ele pode copiar com base num bom mestre, para que comecem a habituar-se a formas mais finas. Depois, copiar com base na natureza, de modo a que confirmem pela prática as regras que aprenderam antes. Depois verem durante algum tempo o trabalho de vários mestres. Finalmente, então, ganharem o hábito de levarem para a prática, para os seus trabalhos, a arte que possuem.» (2)
A minha proposta é a de pensarmos estes pensamentos e recomendações pedagógicas para além do campo da Pintura, para além do universo da Arte. Tem a ver com a maneira de estar no mundo:

  • Somos o que vemos e entendemos do que vemos - é o central e determinante papel da percepção
  • Somos para além dos talentos que trazemos, somos também o esforço que pomos no que fazemos e a maneira como reagimos ao que não nos corre bem.
  • As coisas são a sua realidade no espaço e no tempo e não apenas a sua projecção em uma qualquer forma de existência virtual. É fundamental deslocarmo-nos no espaço e no tempo.
  • A realidade é feita das coisas e das sombras que as coisas projectam.
  • As sombras não são as coisas, mas as coisas também não são sem as sombras que projectam.
  • Temos muito a aprender com os outros... Repito, temos muito a aprender com os outros.
  • Como pais, professores, e líderes cívicos e políticos, temos de ter uma ideia sobre a melhor maneira de cuidar, conduzir e educar os mais novos - há sequências, há propostas melhores e piores, há que pensar e há que escolher.
____________
(1) «Many are they who have a taste and love for drawing, but no talent; and this will be discernible in boys who are not diligent and never finish their drawings with shading.» The Da Vinci Notebooks, Profile Books, 2005, p. 59.
(2) «The youth should first learn perspective, then the proportions of objects. Then he may copy from some good master, to accustom himself to fine forms. Then from nature, to confirm by practice the rules he has learnt. Then see for a time the works of various masters. Then get the habit of putting his art into practice and work.» The Da Vinci Notebooks, Profile Books, 2005, p. 59.

domingo, junho 14, 2015

O Texto Poético a explicar o que determina o Desenvolvimento Humano

Psicologia - Frase da semana, 14JUN15: UM FERNANDO ENCANTADO COM OUTROS 2 FERNANDOS


O Fernando encantado é o autor deste pequenino apontamento; o Fernando motivo do encontro dos 3 Fernandos é o Martins, que será depois o St.º António de Lisboa; o Fernando mediador é o padre Fernando Félix Lopes, que escreveu um muito belo livro sobre Santo António de Lisboa, o Doutor Evangélico.


“Dizem que a infância é a idade em que progressivamente, dia a dia, acordam as heranças que cada qual traz no sangue, e em que o ambiente, amolgando-as, vai afeiçoando a seu modo as almas tenras...” P. Fernando Félix Lopes

Não conheço outro texto que, com tão poucas palavras e de forma tão poética diga a toda a gente como cada um cresce, se desenvolve e se torna pessoa consciente da sua personalidade única e diversa! Continua assim padre Fernando:
«... Com tais heranças e amolgões compõem as crianças os sonhos de fantasias em que se lhes dealba o futuro.
A teoria até certo ponto bate certa. O sangue e o meio onde o homem cresce, não lhe determinam a vida por inteiro, pois há sempre pelo menos o imprevisto individual que pode interferir e desviar os determinismos das heranças e as influências do meio; todavia são sempre das forças que mais pesam no construir do homem.»
(p. FFL, "S. António de Lisboa doutor Evangélico", 2.ª edição, 1954, p. 26)
Estais vendo, queridos alunos, a expressão simples, lapidar, dos nossos mais importantes temas das aulas (a Genética; a influência Cultura e a Educação; e o Indivíduo, com as condições do seu Sistema Nervoso e dos seus Processos Mentais)

domingo, maio 24, 2015

Psicologia - Frase da semana, 24MAI15: O PROFESSOR E O ALUNO - A MESMA PESSOA

Psicologia - Frase da semana, 24MAI15: O PROFESSOR E O ALUNO - A MESMA PESSOA



"És o melhor professor de ti mesmo, e isto será sempre verdade. Ninguém, realmente, consegue ensinar-Te seja o que seja a não ser que tu queiras ser ensinado.Pearl Buck

Quiçá, para ser rigoroso, deveria escrever esta afirmação de Pearl Buck assim: "És a melhor professor(a) de ti mesma, e isto será sempre verdade. Ninguém, realmente, consegue ensinar-Te seja o que seja a não ser que tu queiras ser ensinada."
A afirmação da escritora nascida nos Estados Unidos da América, e criada, desde muito pequena, na China, aparece num livro que tem como título "Para as minhas filhas com amor". Pearl Buck teve 7 filhas, sendo apenas uma delas filha biológica. Mais ainda: esta filha nasceu com uma doença genética grave (fenilcetonúria), doença essa que, se à data em que a criança nasceu (em 1920) se tivessem os conhecimentos médicos que hoje se têm, poder-se-ia ter evitado que desenvolvesse os gravíssimos sintomas de deficiência mental que se manifestam caso os cuidados médicos e alimentares não sejam imediatamente feitos. De facto, nesta doença, a genética dá-nos um tempo de intervenção antes de fazer explodir sobre o crítico bebé os efeitos terríveis de que é capaz.

A afirmação - em rigor, as duas afirmações - são crenças pessoais da mulher-mãe-escritora (Prémio Nobel da Literatura em 1938), certamente sintetizadas a partir de uma experiência pessoal de vida muito intensa e muito rica.

Num tempo, como o que agora vivemos, em que tanto governante, rodeado e "aconselhado" por "especialistas", "cientistas" e "sábios" aprofunda a obsessão do rigor formal e da padronização do ensino, todos - os governantes, os especialistas, os cientistas, os sábios; e o ensino - ajoelhados aos ditames dos desígnios do "Mercado", temos de ser capazes de lhes dizer "Parem!", "Parem e pensem!"; e, se isso for preciso, dar um valente par de estalos a cada um deles, a chamá-los à realidade.

A minha provocação é mesmo grande: são mesmo pares de estalos, em sentido literal, que admito, caso necessário; e não veja que consigamos pô-los a pensar lucidamente de outra maneira...


"Your best teacher is yourself, and this will always be true. No one, indeed, can teach You anything unless you want to be taught."

domingo, março 30, 2014

Psicologia - Frase da semana, 31mar14, "Os três «imortais» princípios da educação"

Psicologia - Frase da semana, 31mar14, "Os três «imortais» princípios da educação"


Segundo Cícero, os três princípios da Educação tradicional romana eram os seguintes: gravitas, pietas, simplicitas.


  • Gravitas representava o sentido da responsabilidade;
  • Pietas funcionava como o vínculo, por excelência, que ligava o homem romano: aos deuses, aos membros da sua família - vivos e mortos -, e à Cidade.
  • Simplicitas devia incutir o sentido do valor autêntico de cada pessoa e de cada coisa.

"«Imortais» chamámos aos princípios que Cícero nos transmitiu como constitutivos básicos da formação dos seus compatriotas. E não o serão, de facto? Não representarão eles valores permanentes, na sua essência, uma vez despojados, na medida em que isso é possível, das circunstancialidades de tempo e de espaço? Embora formulados numa sociedade «arcaica», não serão eles aptos - uma vez mais, na sua essência - a formar homens, que o sejam, na verdade, pertencentes a uma sociedade industrial?"
Estas interrogações - provavelmente, mais atuais que nunca -, encontramo-las deixadas pelo padre Manuel Antunes, em 30 de julho de 1970.
(padre Manuel Antunes, Obra Completa, tomo II, Paideia e Sociedade, 2.ª ed., 2008. F.C.G., p. 105-106.)

"Behind such heroines were the nameless wives whose marital fidelity and maternal sacrifices sustained the whole structure of Roman life. The old Roman virtues — pietas, gravitas, simplicitas — the mutual devotion of parents and children, a sober sense of responsibility, an avoidance of extravagance or display—still survived in Roman homes."
(Will Durant, Caesar and Christ, 2011)

sábado, novembro 02, 2013

Mia Couto (?) - O Dedo na Ferida

UI!... QUE TEXTO!...
Que a(s) fonte(s) me perdoe(m), reproduzo-o integralmente, tentando trazer algum esclarecimento!

Um dia isto tinha que acontecer - Mia Couto (?)

NOTA PRÉVIA: Este texto já anda na Internet há mais de 2 anos; e não é seguro que seja da autoria de Mia Couto. Será de Maria dos Anjos Polícia? (http://assobiorebelde.blogspot.pt/2011/03/geracao-rasca-nossa-culpa.html) Seja de quem seja, faz-nos pensar. Pessoalmente, revejo-me na generalidade das reflexões que nele são apresentadas.
http://expresso.sapo.pt/manifestacao-geracao-a-rasca-chega-ao-
rossio-com-mais-de-200-mil-pessoas-fotos-e-video=f637298

Um dia isto tinha que acontecer. Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor. Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere. Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. Haverá mais triste prova do nosso falhanço? Mia Couto

domingo, outubro 27, 2013

Psicologia - frase da semana, 28out13

Psicologia - frase da semana, 28out13


http://www.barnesandnoble.com/w/einstein-his-life-and-
times-philipp-frank/1019417853?ean=9780306811098
O valor da educação (...)(1) não está na aprendizagem de muitos factos, mas sim no treino da mente para pensar em coisas que não podem ser aprendidas nos manuais.

English: "The value of an education [in a liberal arts college] is not the learning of many facts but the training of the mind to think something that cannot be learned from textbooks."




Exercício prático 21out13:
O dilema de Sita (lenda indiana): Sita está casada com um rico e poderoso mercador. Mas Sita também está apaixonada pelo ferreiro, homem jovem e belo. Os dois homens são os melhores amigos um do outro. Conhecem os sentimentos ambivalentes de Sita e, em desespero, decidem ambos cortar o pescoço. Sita descobre a tragédia e volta-se para a deusa Kali e implora-lhe que dê a vida de novo aos dois homens. A deusa Kali aceita e pede a Sita que junte a cabeça e o corpo de cada um. Só que Sita, na aflição de trazer os homens de novo à vida, engana-se e junta a cabeça de um ao corpo do outro. 
Quando ambos retornam à vida, qual deles é o marido rico e poderoso mercador, qual deles é o homem jovem e formoso?


Practical exercise 28oct13:
[English]: Sita's dilemma (indian legende) Sita is married to a rich opulent merchant but she is also in love with the blacksmith, handsome young man. The two men are best friends and in despair both decided to cut the neck.  Sita discovers the massacre and asks the goddess Kali to bring them back to life . The goddess ordered her to put the heads of both men in the right position, over the shoulders, but, Sita, ansiously, does it wrong and change heads and bodies... When they are resurrected which is the husband, which is the lover?
[français] Le dilemme de Sita (légende indienne): Sita est mariée à un riche marchand opulent mais elle est aussi amoureuse du forgeron, beau jeune homme. Les deux sont les meilleurs amis et dans le désespoir décident de se trancher le cou. Sita découvre le massacre et implore la déesse Kâlî de leur redonner vie. La déesse lui ordonne de remettre en place les têtes des deux jeunes hommes, ce qu’elle fait mais elle se trompe... Quand ils sont ressuscités lequel est le mari, lequel est l’amant ?

(1) Large quotation: "While Einstein was in Boston, staying at the Hotel Copley Plaza, he was given a copy of Edison's questionnaire to see whether he could answer the questions. As soon as he read the question: "What is the speed of sound?" he said: "I don't know. I don't burden my memory with such facts that I can easily find in any textbook," Nor did he agree with Edison's opinion on the uselessness of college education. He remarked: "It is not so very important for a person to learn facts. For that he does not really need a college. He can learn them from books. The value of an education in a liberal arts college is not the learning of many facts but the training of the mind to think something that cannot be learned from textbooks." For this reason, according to Einstein, there can be no doubt of the value of a general college education even in our time."
("Einstein His Life and Times" by Philipp Frank, 1947)
 

segunda-feira, junho 24, 2013

Como escapar ao Vale da Morte Educacional

Conferência notável de Ken Robinson sobre o sentido da Educação e das Políticas da Educação. Dramaticamente lúcida!...
Com legendas em português.

sábado, agosto 13, 2011

Citações para nos vermos em espelho - 01

“If you want children to keep their feet on the ground, put some responsibility on their shoulders.”
- Abigail Van Buren

Se os pais querem que os filhos tenham os pés bem assentes no chão, ponham algumas responsabilidades em cima dos seus ombros.


Apetece dizer: se os governos querem que as comunidades locais resolvam os seus problemas com os pés bem assentes no chão, ponham algumas responsabilidades em cima dos seus ombros.
No fundo, acho que andamos todos de pés no ar. Pouco educamos e não pensamos a sério sobre a importância da educação no desenvolvimento social dos grupos humanos e das comunidades locais.
Continua-se a fechar escolas às centenas... com estas medidas,  põem-se crianças a andar mais de 30 km por dia para irem à escola... num país assim, pergunto: qual é, na verdade, o modelo de desenvolvimento social que norteia as medidas tomadas? Que pensa tal modelo sobre os tipos de famílias, sobre os tipos de laços humanos e sociais que assim se promovem, sobre os fenómenos de desertificação de aldeias, vilas e cidades do interior?... Tantas questões que há que discutir e equacionar!...
Apetece dizer, com azedume: olhem as horas de estudo de Português e Matemática que se perdem nos sessenta quilómetros diários, para cá e para lá.
Quantos filhos de ministros, secretários de estado, e por aí fora, vão necessitar destes transportes?... Mas impõem-se com "candura", com "boa-fé", com "sentido de estado", a tantas crianças e pais que, na generalidade, não se conhecem de lado nenhum. E quando um aluno de uma escola do interior ganha um prémio internacional, até se vai ao aeroporto recebê-lo e abraçá-lo; até se fica bem na fotografia.
Já alguém pensou a sério no envolvimento das comunidades locais para se resolverem os problemas das escolas com poucos alunos, as tais que, com menos de 21 alunos, ficam logo oficialmente condenadas?

segunda-feira, julho 18, 2011

Educar é despertar ou redespertar os sentimentos?... Uma pequena acha para a fogueira.

O artigo do dr. Daniel Sampaio no Pública 17.07.11, publicado ontem pelo jornal Público é um exemplo para todos nós. Neste caso é um exemplo de que não devemos deixar ficar as nossa ideias presas, fixas, e devemos deixar que elas evoluam, se transformem, é claro, desejadamente para melhor.
Ora isso tem uma consequência fundamental, que todos os anos eu repito a novas vagas de alunos de Psicologia: "Não acreditem em tudo o que eu digo, muitas vezes navegaremos de verdade provisória e conveniente em verdade provisória e conveniente. Mantenham sempre a tal 'dúvida metódica' de que os filósofos falam, mesmo perante o psicólogo mais pintado ou mais competente que tenham pela frente."
Li com muito cuidado todo o artigo do dr. Daniel Sampaio. No início do terceiro parágrafo, numa frase que a revista destaca para o lado, ele afirma: "Na infância, a educação para os valores começa pelo despertar da criança para sentimentos que a aproximem do outro (...)"
Bem, penso que o mais aproximado que eu conseguiria escrever desta frase seria escrever tudo, tudo, tudo, menos "despertar". Nesta aproximação escreveria "redespertar".
Estarei, com certeza, influenciado pela quantidade circunstancialmente elevada de bebés que tenho observado nos últimos dois anos; felizmente todos sãos, com muito amor dos pais e dos avós. O que continua a espantar-me, o que continua a deliciar-me com toda a intensidade do mundo é a espontaneidade do comportamento dos bebés no contactos com os seus cuidadores habituais e as suas visitas ocasionais (claro que aqui se tem de levar em conta aquelas coisas de que o dr. Daniel Sampaio fala sobre os 8 meses e os 10 meses, mas eu permito-me pôr agora de lado estas situações, bem verdadeiras). Tão pouco que a gente precisa de fazer para que seja evidente no bebé a expressão espontânea, "instintiva" e "consciente", da alegria, do prazer, do bebé no contacto humano!... Do prazer de dar e partilhar, por iniciativa do próprio bebé!
Não nos vai mostrar a vida, ao longo de todas as suas etapas, que a experiência humana mais dolorosa é a da separação?
Claro que a solidariedade, a compaixão e a indignação perante a injustiça deverão passar pelo molde, ou malha, ou esfera, da educação. Quanto a isto, estou absolutamente de acordo. Os mesmos bebés que dão e partilham reagem, também naturalmente, instintivamente, com ciúmes, aqui e ali, de outro bebé. Ora é aqui que deve começar logo a surgir a sabedoria da educação! E há muito aqui que, na verdade, nós, os especialistas podemos ajudar a esclarecer e a orientar os pais e os outros educadores.
Dizer que é preciso despertar o que, se calhar, será mais correto, no meu entender,  redespertar, é pôr o dedo noutra ferida; e é pôr a disposição pessoal do educador noutra perspetiva.
A ferida é a organização social atual, que põe as crianças cada vez mais cedo afastadas dos pais e dos avós durante cada vez maiores porções de cada dia.
A disposição pessoal é que, na educação, não temos de trazer nada à criança que ela não conheça ou que não tenha experimentado já. Temos é tentar que a criança não perca o que tão facilmente sente e se agrada com isso; temos é de ajudá-la a reforçar e a consolidar o que sente; para isso temos de tomar claramente consciência das razões e dos momentos em que se provoca a perda de sentimentos e motivações tão básicos, tão naturais.
Dr. Daniel Sampaio, não acha que dizer que é preciso "começar por despertar a criança para sentimentos (...)" revela resquícios da velha ideia da criança tabula rasa?

domingo, agosto 29, 2010

Uma escola que fecha mata uma aldeia ou acelera o inevitável?

jornal Público:
Educação

Uma escola que fecha mata uma aldeia ou acelera o inevitável?

29.08.2010 - 10:27 Por Graça Barbosa Ribeiro, Natália Faria


Apesar de não questionarem a necessidade do reordenamento da rede escolar, especialistas em Geografia Humana dizem-se preocupados com o impacto do encerramento de escolas na coesão territorial. "Se abrir uma escola do Ensino Básico não inverte a tendência para a desertificação, fechá-la, em determinadas circunstâncias, pode ser o suficiente para matar uma aldeia", alerta João Ferrão, investigador da Universidade de Lisboa e ex-secretário de Estado do Ordenamento do Território.

Governo e autarquias negociaram o fecho de 700 escolas (Paulo Pimenta)

Em teoria, tudo foi acautelado. Depois do encerramento de 2500 escolas com menos de 10 alunos, numa primeira fase, o Ministério da Educação (ME) e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) acordaram que a decisão de fecho daquelas que têm menos de 21 crianças, este ano lectivo, teria de passar pelo crivo do aval das Direcções Regionais de Educação (DRE) e dos municípios, para evitar "cortes cegos".

"Na generalidade dos casos, pelo menos aparentemente, a negociação terá sido efectiva no que respeita à identificação dos estabelecimentos a fechar", admite António Ganhão, dirigente da ANMP. Há protestos pontuais, mas são mais os autarcas que se congratularam por terem conseguido manter em funcionamento escolas com menos de 20 alunos e o próprio ME anunciou que continuam a existir no país 200 estabelecimentos naquelas condições. Por outro lado, a lista de escolas a encerrar cresceu das 500 (previstas pelo ME) para as 700, porque, explicou a ministra da Educação, os próprios autarcas acrescentaram outras, cujo fecho não era exigido.

É neste contexto que os geógrafos se questionam sobre os critérios de escolha das escolas que vão encerrar. "Não terão sido apenas o do número de alunos e o do tempo de transporte, espero", preocupa-se Fernanda Cravidão, especialista em Geografia Humana da Universidade de Coimbra. E João Ferrão não considera garantia suficiente o cumprimento do acordo entre a ANMP e o Governo. "Até poderia ter algum significado se as DRE tivessem uma visão e uma capacidade de actuação estratégicas e se os municípios administrassem sempre o território com base em planos, numa perspectiva de médio e longo prazo. Mas, infelizmente, isso nem sempre se verifica," avalia.

Um mundo abandonado

A situação é especialmente grave "em territórios de baixa densidade populacional", concordam João Ferrão e Fernanda Cravidão. "Podemos sempre dizer que o encerramento da escola só acelera a morte do lugar, porque a falta de crianças se encarregaria de conduzir ao mesmo resultado em poucos anos. Mas isso só é verdade porque há muito que o Poder abandonou por completo o mundo rural", critica.

João Ferrão frisa a necessidade "de qualquer decisão deste género ser tomada no quadro de políticas multissectoriais de ordenamento do território" e de atender a casos específicos. "Nalgumas situações o desequilíbrio provocado pelo encerramento de uma escola pode ser fatal para um trabalho de anos, feito a nível local, contra a desertificação", alerta.

Fernando Ruas, presidente da ANMP, não tem resposta em relação a casos concretos, mas diz ter "a certeza" de que os municípios "agem de acordo com o que consideram ser o melhor para as populações". Mas isso não significa o mesmo para todos os autarcas.

Há quem pense que a desertificação se combate com o fortalecimento das sedes de concelho. É o caso do social-democrata Francisco Lopes, presidente da Câmara de Lamego, o município que vê fechar o maior número de escolas: 21. "Daqui a 10 anos os centros escolares que agora estamos a construir serão grandes demais - esse é o drama", enfatiza, para questionar se "o processo de extinção das comunidades rurais não acabará por ser a maneira de manter as cidades, de lhes dar dimensão, evitando que a sangria seja ainda maior".

O presidente da Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, Jorge Pulido Valente, não pensa o mesmo - há anos que luta "para manter vivo um território que está no limiar da ruptura por falta de população", reivindica."Como presidente de câmara de Mértola cheguei a promover o fecho de algumas escolas, mas para fortalecer localidades vizinhas rurais", explica o socialista, hoje presidente da Câmara de Beja.

sábado, julho 03, 2010

The greatest love of all

THE GREATEST LOVE OF ALL

Este tema musical tem muito a ver com o que sempre quis deixar que acontecesse e quis proporcionar que acontecesse nas aulas, e em todas as outras actividades que tenho feito com crianças e jovens. O tema é de 1977, sendo seus autores Michael Masser e Linda Creed.
Todos acreditamos nalguma coisa como as crianças acreditam em tudo: com muita convicção e com muita ingenuidade. É assim que eu acredito na letra desta canção, que um dia apareceu para falar da maneira como eu pensava e sentia. Com palavras de falar para as pessoas, como uma vez um dos filhos do dr. João dos Santos lhe pediu que escrevesse e falasse.
Neste pequeno videoclip, a expressividade vocal e corporal de Whitney Houston é notável, a dar mais sentido aos versos que canta.





I believe that children are our future
Teach them well and let them lead the way
Show them all the beauty they possess inside
Give them a sense of pride to make it easier
Let the children's laughter remind us how we used to be

Everybody searching for a hero
People need someone to look up to
I never found anyone to fulfill my needs
A lonely place to be
So I learned to depend on me

I decided long ago
Never to walk in anyone's shadows
If I fail, if I succeed
At least I will live as I believe
No matter what they take from me
They can't take away my dignity

Chorus:
Because the greatest love of all
Is happening to me
I found the greatest love of all
Inside of me
The greatest love of all
Is easy to achieve
Learning to love yourself
It is the greatest love of all

I believe the children are our future
Teach them well and let them lead the way
Show them all the beauty they possess inside
Give them a sense of pride to make it easier
Let the children's laughter remind us how we used to be

And I decided long ago
Never to walk in anyone's shadows
If I fail, if I succeed
At least I will live as I believe
No matter what they take from me
They can't take away my dignity

Chorus:
Because the greatest love of all
Is happening to me
I found the greatest love of all
Inside of me
The greatest love of all
Is easy to achieve
Learning to love yourself
It is the greatest love of all

And if by chance, that special place
That you've been dreaming of
Leads you to a lonely place
Find your strength in love

sexta-feira, abril 09, 2010

Mobilizar as pessoas, divertidamente. Resolver problemas sociais.

Bem... pelo menos é divertido ver. A "Fun Theory" é engraçada, e os outros vídeos são também giros, para além de informativos e muito formativos. Dão ideias!... Aos pais de família e aos gestores sociais.

segunda-feira, maio 25, 2009

Historia de un letrero

Quando hoje reenviei o e-mail que trazia dentro este vídeo, escrevi:
Já consigo ensinar os meus alunos a fazer os filmes para o YouTube com a duração máxima ideal, os 5 minutos.
Mas o resto ainda não consigo. Tenho ainda muito que aprender!...


sábado, abril 25, 2009

O que importa é a política e a educação

Como vaidosamente muito tenho repetido, tive o privilégio de ter aprendido e de ter sido respeitado e tratado como amigo pelo dr. João dos Santos. Muita da confiança que ainda hoje mantenho dos meus actos profissionais na escola e na clínica psicológica vem da confiança que sei que ele tinha em mim, logo mostrada publicamente, perante todo o grupo de alunos, no primeiro encontro que tivemos, numa aula de consulta assistida no hospital Júlio de Matos.
Com ele podíamos aprender que todo o acto clínico é um acto multidimensionado. Como também já disse noutro lado, ele dizia - bastaria para mim que o tivesse dito apenas uma vez - que o que verdadeiramente importa na intervenção junto dos grupos humanos é a política e a educação.
É isso que eu quero deixar hoje dito e escrito neste blogue, que a psicologia, o ensino e a aprendizagem têm que prover, aconselhar e apreciar criticamente as medidas da educação e da política que os governos tomam sobre os grupos humanos.
E, neste caso, penso que todo, ou melhor, muito mais que o esperançoso 25 de Abril de 74 está por cumprir.
De José Pacheco Pereira pouco mais sei do que algumas coisas, esparsas, que oiço ou leio dele na comunicação social. Não tenho condições de o julgar, qualquer que seja a coerência que esteja em causa (palavras entre si; actos e palavras; etc.). Sei que, à partida, se move numa área política que não é, de todo, a minha.
O que, pois, se torna quase dramático para mim - tomando isso como prova que, de facto, verdadeiramente, na política e na educação o espírito do 25 está cada vez mais difícil de cumprir - é passar os olhos na edição on line de hoje do Público, ler a "opinião" do dia em destaque, de que ele é o autor - "Neste 25 de Abril, preocupa-me estarmos a construir a perfeita sociedade totalitária em plena democracia" -, e reconhecer que é isso que eu penso, que é isso que ontem tentei dizer na escola aos alunos que foram à sessão aberta para ouvir as histórias do 25 de Abril de alguns dos seus professores.
Cada vez mais sinto que cada vez mais nos afastamos de valores como a tolerância pessoal e cívica; do sentido e da dimensão gregária dos comportamentos pessoais e das decisãos políticas; e da valorização do outro, importante tanto quanto cada um de nós também o é, de tal modo que sintamos que desistir de qualquer coisa de nós próprios não é fraqueza pessoal, nem sequer dávida meritória: isso sim, é uma forma de realização pessoal numa outra dimensão, mais fraterna e mais justa. A bem de todos, e não só de alguns.
25 de Abril, sempre!

sexta-feira, março 13, 2009

Charles Darwin, bicentenário, emoções e educação

Numa altura em que se comemora o bicentenário do nascimento de Charles Darwin, vale bem a pena pensar e discutir acerca do que ele diz do seu - a muitos títulos, notável! - livro sobre a expressão das emoções nos homemns e nos animais.
É mesmo no final, na última página do livro, em jeito de conclusão:

"O facto de experimentarmos uma emoção através de sinais exteriores faz com que ela seja intensificada. A repressão, pelo contrário, de todos os sinais exteriores da emoção, na medida em que é possível, conduz a um atenuamento da mesma. Uma pessoa que não refreie os gestos violentos quando está furiosa, acaba por aumentar a sua fúria; quem não controla os sinais do medo, irá sentir ainda mais esse medo; e alguém que permanece passivo quando é esmagado pela dor, perde com isso a sua principal hipótese de recuperar a elasticidade mental."
Darwin, C., A Expressão das emoções nos homens e nos animais, Lisboa, Relógio D'água Editores, 2006, p. 336.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

"São precisos professores que gostem de ler"

Fui buscar esta entrevista à ediçaõ on line do Público de ontem. Penso que é um texto importante, para ler, pensar e discutir. (09.02.2009, Graça Barbosa Ribeiro)

O coordenador dos novos programas de Português faz uma avaliação severa das qualidades profissionais dos docentes

Reitor da Universidade Aberta e especialista em Estudos Portugueses, Carlos Reis foi convidado pelo actual Governo para coordenar a equipa que elaborou os novos programas de Português dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, actualmente em consulta pública. Admite que eles não vão revolucionar a relação dos portugueses com a língua, mas não esconde que, na sua perspectiva, isso seria desejável. A maior parte dos professores que nos últimos 20 a 30 anos saíram dos politécnicos, diz, foi formada com base numa concepção "muito desenvolta do que é falar e escrever em português".

As crianças a que se destinam os novos programas são muito diferentes daquelas às quais se dirigiam os que estão em vigor, de 1991? 
Muito. Em 1991 as crianças não mandavam mensagens de telemóvel e agora mandam, não escreviam em "salas" de conversação na Internet e agora escrevem - e isso faz uma diferença brutal. Os protocolos de escrita mudaram completamente, houve uma certa dessacralização da linguagem. As palavras não se escrevem por inteiro, a sintaxe desintegrou-se...
Até que ponto isso é negativo?
Em si, não é negativo nem positivo. O problema é que, tanto quanto me parece, há uma geração que incorporou esse tipo de linguagem como normal e não é capaz de destrinçar os usos e os contextos em que a pode usar.
 
Combater essa tendência é uma preocupação nos novos programas de Português?
Sim, há orientações bastante claras quanto a isso. Não faz sentido contrariar o uso daquele tipo de linguagem, mas é necessário estabelecer critérios. Fazer com que os alunos percebam claramente que não podem escrever da mesma maneira quando enviam uma mensagem e quando estão a fazer um exame.
Alguns dos elementos da geração a que se refere já são professores...
Esse é um dos problemas, mas não o único. Não se pode, naturalmente, generalizar, mas há muitos professores - não só, mas principalmente os que saíram dos institutos politécnicos - que foram formados à luz de uma concepção... eu diria... muito desenvolta, muito expedita do que é falar e escrever em português.
 
Refere-se à falta de qualidade da formação de que falou, recentemente, o secretário de Estado da Educação?
Não, essa é outra questão, grave e a exigir actuação imediata [ver caixa]. Quando falo dos politécnicos, refiro-me ao facto de nos últimos 20 a 30 anos se ter dado uma importância excessiva à componente pedagógica pura e dura. Não nego a sua relevância, mas teve um desenvolvimento e um peso que puseram em causa a dimensão científica. Esqueceu-se o óbvio: eu não posso ser um bom professor de Física se não souber Física, não posso ser um bom professor de Português se não tiver um conhecimento aprofundado e sistemático da língua.
Esses professores de que fala são os mesmos que vão implementar os novos programas de Português. Não estamos perante um ciclo vicioso?
Que tem de ser cortado. Para implementarem os novos programas, os professores deverão ser apoiados com acções de formação nas respectivas áreas científicas. E em relação aos alunos o programa é muito claro no combate a uma cultura de facilitismo e de tolerância ao erro, também ela relacionada com determinadas concepções pedagógicas.
Como é que, na prática, isso se combate?
De duas formas. Antes de mais, acabando com a chamada "pedagogia do erro". Aquela coisa de "se o menino erra tem de se valorizar o erro, a expressividade...". Sou completamente contra isso. Um erro é um erro, em Português como em Matemática. Se no discurso corrente, quotidiano, o sujeito não concorda com o predicado, isso é um erro.
E a segunda...
... está profundamente relacionada com o primeira. Os novos programas revalorizam aquilo a que os especialistas chamam o conhecimento explícito da língua e, dentro dele, o domínio da gramática, que durante anos foi, por assim dizer, marginalizada. Não pretendemos martirizar ninguém, mas sim que a língua mantenha alguma coesão. Porque a gramática não é um fim em si mesmo, é um instrumento fundamental para que possamos, justamente, ter a noção do erro.
 
Há uma intenção de ruptura na elaboração dos programas, então?
Não, isso não. Não poderia haver. Os programas - estes ou os de qualquer outra disciplina - não são feitos para um colégio privado. São para funcionar num espaço nacional, têm de ter em conta todos os professores (o que sabem e o que podem aprender) e todos os alunos (os ricos e os pobres, os que têm famílias cultas e os que não têm). Não é possível fazer rupturas, apenas ir mudando alguma coisa.
Há muito que se reclama uma revalorização dos textos literários. Isso acontece com estes novos programas?
Devido ao contexto de que falei, talvez não tanto quanto muitos esperavam. Mas, sim, há a revalorização do seu papel formativo. Actualmente, os poucos textos literários apresentados aos alunos são utilizados como textos ilustrativos de coisas que têm pouco a ver com a literatura. Usar um soneto de Camões para explicar o que é o discurso argumentativo, por exemplo, é matar o soneto de Camões. Ele tem de ser percebido pelos alunos como uma grande peça lírica, que representa e modeliza uma emoção, uma visão do mundo, um sentimento. Mas, mais uma vez, esse não será um objectivo fácil de atingir sem, paralelamente, fazermos os possíveis e os impossíveis para que os professores sejam grandes leitores.
 
E não o são?
Infelizmente, não acho que sejam. Terão excelentes explicações - não têm tempo, o trabalho na escola está muito burocratizado... -, mas isso não resolve o problema. Para termos alunos que gostem de ler são precisos professores que gostem de ler, que entendam a literatura como um domínio de representação cultural com uma grande dignidade e com uma enorme capacidade de nos enriquecer do ponto de vista humano. Claro que isto ultrapassa, em muito, a esfera de actuação de quem prepara programas de Português, e está intimamente relacionado com a actual crise das Humanidades.
 
Essa crise deve-se às opções políticas?
Também. Nem toda a gente tem de ler Platão e de traduzir latim. Mas está à vista que a hipervalorização, às vezes até um bocadinho provinciana, das tecnologias traz consigo lacunas consideráveis na forma de olharmos para o outro, de pensarmos no que é justo ou injusto, no que é solidário e não o é, no que é bonito e no que é feio - e que encontramos na Literatura, na História, na Filosofia...  A recuperação do atraso científico e tecnológico não deve ser feita à custa da desqualificação - política, até - de outras componentes da nossa cultura.
 
A distribuição de computadores, dos Magalhães, pelas crianças não faz passar a mensagem inversa?
 
Faz. É um esforço muito interessante, mas que se arrisca a pôr em causa outros tipos de saberes. Quero acreditar no argumento de alguns - o de que o Magalhães permite o primeiro acesso à leitura por parte de muitos miúdos que não têm livros em casa. Mas, ainda assim, não deixa de ser necessário contrabalançar esta hipervalorização do computador com outras medidas. Com o investimento no Plano Nacional de Leitura, a criação de bibliotecas...
O contributo dos programas de Português para a transformação da relação com a língua que pensa ser necessária acaba por ser escasso...
O programa provoca uma transformação, isso é claro. Combate a cultura do facilitismo e contraria o erro; procura valorizar a sistematização da língua, incentivar a leitura de bons textos... Mas, sim, que não haja a ilusão de que novos programas, sejam do que for, resolvem, só por si, os problemas. A situação exige muito mais.
 

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Cardeal Patriarca de Lisboa apela ao entendimento na Educação

O Público destacou ontem o seguinte, na edição on line do jornal:

Cardeal Patriarca de Lisboa apela ao entendimento na Educação
25.12.2008 - 16h32 Lusa

O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, apelou ontem a um entendimento entre professores e tutela, considerando que a educação das crianças e jovens não pode ser alvo de batalhas políticas ou sindicais.
Na sua mensagem de Natal, D. José da Cruz Policarpo classifica a missão dos professores e formadores "como decisiva para o futuro de Portugal" e faz referência aos últimos acontecimentos na área da educação marcados por um conflito entre docentes e Ministério da Educação relativamente ao modelo de avaliação do desempenho.
"Que ninguém ouse transformar este sofrimento em simples arma de luta política, porque na batalha da educação os únicos vencedores têm de ser os vossos filhos", referiu D. José Policarpo.
Para as crianças e jovens, adianta o Cardeal Patriarca de Lisboa, "esta batalha não é política ou sindical: é a batalha da vida, que eles só vencerão com a generosidade, a competência e a coragem de todos nós".
Na sua mensagem de Natal intitulada "O Natal é a vitória da vida e da esperança", D. José Policarpo afirma que neste dia tem particularmente no coração aqueles que sofrem, pelo que dedica também umas palavras às famílias com dificuldades económicas, "agravadas com a situação que o mundo está a viver".
"Também aí é preciso deixar reacender a esperança, perceber que viver é lutar", referiu o dignitário da Igreja Católica.
Em crises deste género, adiantou, os que por elas são atingidos não podem considerar-se apenas vítimas, mas protagonistas da solução.
"Abramos o coração à solidariedade, estejamos atentos ao nosso próximo, isto é, ao nosso vizinho. E se as dificuldades exigirem de nós austeridade, saibamos que ela pode ser convite à coragem e experiência de liberdade", disse.
Na sua mensagem de Natal, o religioso faz ainda referência aos doentes, sobretudo àqueles para quem o sofrimento "se torna tão pesado que lhes tira a alegria de viver". "Alguns desistem mesmo de viver e suplicam que os ajudem a morrer" referiu o Cardeal Patriarca, que, numa alusão à prática da eutanásia, adianta que "ninguém tem o direito de ajudar os outros a morrer".

No espaço disponibilizado pelo jornal, deixei o seguinte comentário:

Do meu ponto de vista, o Cardeal Patriarca de Lisboa disse mais, parece-me que o Público não destaca o essencial. O Senhor Cardeal destaca, nas suas palavras, ditas sob o signo do sofrimento libertador, imitado no Filho de Deus feito Homem, os doentes, as famílias em dificuldades e os professores. Pessoalmente, agrada-me muito que o Senhor Cardeal tenha chamado a atenção de todos para esta dimensão do sofrimento fundamental, libertador, a que se liga a função do professor. Por ele, por esse sofrimento fundamental, passa, nas imensas condições adversas em que os professores exercem hoje em dia o seu papel, a generosidade, a competência e a coragem que também são deles, dos professores. Salienta, finalmente, o Senhor Cardeal Patriarca, que a batalha da Educação é a batalha da vida; não é uma batalha qualquer: é vida e é batalha, não é um "fait divers". Só mais uma palavra. A fonte do sofrimento é o amor pelo próximo. As palavras não são minhas, são do Senhor Cardeal Patriarca.