quinta-feira, agosto 10, 2023

II Encontro Internacional de Solidariedade Intergeracional

 Nos dias 7 e 8 de Setembro, na Amora e no Seixal.

Inscrição grátis na Junta de Freguesa da Amora (jfamora@jf-amora.pt).


quarta-feira, outubro 17, 2018

A VIOLÊNCIA DE OBRIGAR OS NETOS A BEIJAREM OS AVÓS

A VIOLÊNCIA DE OBRIGAR OS NETOS A BEIJAREM OS AVÓS... e a muito rasgada bandeira de "a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do Outro".

É verdade isto que se diz da liberdade individual: a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do Outro. O que está errado, é perverso e desonesto é usar a boa frase a propósito de tudo, por exemplo, de coisas que não sabemos e de coisas que pensamos erradamente.

Felizmente, quando os acirrados faladores põem o último trunfo em cima da mesa, é o mesmo nas mãos de todos: o ás da Educação. Sim, a Educação é a acção relacional (que nem sequer é exclusivamente humana) determinante. É o alfa e o ómega da solução dos problemas. Bem, o problema é que a Educação não é bem o mesmo para todos, é como se cada um jogasse com um baralho diferente, e o meu ás é diferente do teu, e o teu do outro, e assim sucessivamente.

E nesta inevitabilidade vai-se para os canais de televisão e dizem-se umas coisas sobre Liberdade, Violência, Diferenças, Homens, Mulheres; Estatísticas aos molhos, Estudos e Investigações às carradas. Tome-se nota: cada vez mais, com radicalismo, intolerância, violência e sobranceria - que são "virtudes" que dizem muito sobre... pois, sobre a educação recebida por cada um dos palradores em pequeninos - ou mesmo mais crescidinhos. É à família que cabe, no mínimo, mais de metade do baralho da educação; o resto é escola, comunidade, nação e por aí fora. É assim que deve ser, e todos, a começar pela escola, devem respeitar que seja assim.

No Prós e Contras de 2.ª-feira, um "sábio" professor universitário falou sobre a violência de obrigar os netos a beijarem os avós e nas bem nefastas consequências que isso acarreta: é por isso que, entre outras coisas, crescidas, as jovens e as mulheres não sabem dizer não ao assédio, assim concluiu ele “convincentemente” — pelo menos ele parecia saborosamente convencido disso.

Numa aula eu diria aos meus alunos que estaríamos na presença de um bem claro caso de opinião sustentada em muitas crenças e poucas informações. É, o senhor professor universitário tem de continuar a estudar - e muito! Vê-se que é inteligente, que já leu muito, que consegue criar e deduzir; pronto, está no bom caminho, mas ainda tem muito que andar.

Dir-me-ão: "Ah!, mas o Professor Coimbra de Matos, velhinho, deu-lhe razão!" Sim, pareceu que sim; mas o Professor Coimbra de Matos conheço eu bem, muito procurei eu sempre aprender com ele, logo a partir dos tempos em que ele escrevia e ensinava com um radicalismo e violência verbal que não encontrei em qualquer outro professor. Desde há 40 anos. Não me tornei radical como ele, mas apreciei muito a sua evolução discursiva no sentido da moderação e da tolerância — que nos faz bem a todos.

Posso concordar que é uma violência obrigar os netos a beijarem os avós — na condição de que se caracterizem os actos de “violência” e de “obrigar”. A questão essencial passa, na minha opinião, pelo estafado uso da tal frase da liberdade minha e do outro, que é usada qual manto diáfano que cobre a verdade do que está em causa: o ser humano é um indivíduo eminentemente social.

A vivência social pede, na sua natureza, LIBERDADE para interagir, mas também COMPROMISSO com a família e a cultura. E a Cultura não é apenas um conjunto de amarras de que as novas “sabedorias” nos ensinam e ajudam e libertarmo-nos.

O grande erro é ignorar que a generalidade dos ritos, rituais e convenções sociais são compromissos, a maior parte deles milenares, no sentido de conterem a agressividade e a violência que me destrói a mim, destrói o Outro e põe em risco a sobrevivência do grupo humano a que cada um de nós pertence. É, o que muito modernamente se teme é a exigência do compromisso.

Quem sabe, vivemos tempos do pan-niilismo do “Vive e deixa viver” — que é o terreno de acção mais desejado por quem, do alto da Política e da Finança, nos (des)governa.

A única coisa que verdadeiramente derrota a violência mascarada e sem rosto dos poderosos é o compromisso do acordo e do contrato dos indivíduos-cidadãos. E a EDUCAÇÃO DO COMPROMISSO, quem melhor do que os avós para sabiamente a guiarem junto dos netos (que são indivíduos, que são crianças, que são cidadãos)?

terça-feira, julho 17, 2018

O ser humano é intrinsecamente bom ou mau? Pela enésima vez.

Por pura coincidência, cruzaram-se hoje, no écrã da Net, em páginas abertas quase em simultâneo, a fotografia e o vídeo deste apontamento.
Sem que a puxa-se intencionalmente, a pergunta que tantas vezes me fazem, que tantas vezes discuto, veio-me outra vez à consciência.
Desta vez responderei, talvez mais claramente e convictamente do que nunca:
A verdadeira questão não é se somos naturalmente bons ou maus. O que é preciso pensar e assumir é que hoje, como nunca antes, sabemos quanto pode a educação, e quanto pela educação se consegue, com tolerância, carinho e tranquilidade, que o bom prevaleça sobre o mau e o mau seja, em geral, satisfatoriamente contido. Esta é a minha profunda convicção.
A educação dos grupos humanos, também mais do que nunca, é hercúlea tarefa de líderes políticos - a quem se exige muito de ética e humanidade; e despojamento pessoal material.


Algumas fontes irracionais de tanta violência e desumanidade que pedem o concerto empenhado das Nações e da Educação: as crenças religiosas radicais à volta de um Deus único, todo-poderoso; o ávido desejo de apropriação materialista.
No que diz respeito às arreigadas tradições de enorme sofrimento humano e domínio do homem sobre a mulher, por exemplo, que a Mutilação Genital Feminina de alguns países africanos siga o mesmo caminho que a tradição dos Pés de Lótus na China.

domingo, junho 10, 2018

A lição do padre Ray Kelly acerca da expressão das emoções

Ora aqui está um notável exemplo acerca do que deve ser o modo de estar de quem toma a seu cargo o serviço pessoal à comunidade, qualquer que ela seja:
a expansão das emoções positivas e, sem as negar e sem as reconhecer, a inibiçãos da emoções tristes e negativas.

terça-feira, abril 03, 2018

Precioso o exemplo pedagógico; preciosa a legendagem

Motherhood is hard.
Sim, ser mãe é exigente em qualquer lado.

Qual o ângulo mais interessante?
a) a tolerância, firme, da mãe.
b) a natureza irreverente da cria.
c) a tolerante resignação da cria à autoridade da mãe.
d) outra coisa. Qual?


quinta-feira, março 15, 2018

Psicologia - Frase da semana, 10MAR18: VER E ENTREVER, CONHECER E PERCEBER

Psicologia - Frase da semana, 10MAR18: VER E ENTREVER, CONHECER E PERCEBER


«Entrever é mais importante do que ver quando se trata do que há de humano, de pessoal, de íntimo nas paisagens.» (Gilberto Freyre, "Aventura e Rotina, Sugestões de uma viagem a procura das constantes portuguêsas de caráter e ação",  Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1953, pp. 84-5)

Irresistível o trazer à consciência o conceito teórico da "personalidade de base". Que bom um homem como Gilberto Freyre se ter interessado assim pela natureza do homem português! Homem de cultura vastíssima, foi também cientista dos fenómenos sociais e culturais de procedimentos sistemáticos, objectivos, procurando ter mão nos estereótipos, nos preconceitos e nos filtros do conhecimento adquirido - que é sempre questionável, modificável, actualizável.
É um espelho onde podemos - nós, os portugueses - ver-nos e rever-nos; olharmo-nos vaidosamente, narcisicamente - mas também com honesto sentido crítico.

domingo, julho 03, 2016

Psicologia - Frase da semana, 03JUL16: A FILOSOFIA DO CANDEEIRO

Psicologia - Frase da semana, 03JUL16: A FILOSOFIA DO CANDEEIRO


"O candeeiro não é luz, não é electricidade, mas aceita, dentro de
Foi assim que conheci Agostinho da Silva: a trocar mimos com o seu gato.
si, aquilo que ele não é.
» (Agostinho da Silva, recordado por Inácio Fiadeiro, in "In Memoriam de Agostinho da Silva, 100 anos, 150 nomes", 2006. Ed. Zéfiro, p. 190)

O meu querido colega e amigo Inácio Fiadeiro teve o privilégio e conhecer e privar com o Professor Agostinho da Silva, privilégio esse que eu pude também saborear um pouco. O Inácio deixou o seu testemunho no in Memoriam do notável Professor, num pequeno mas muito delicioso texto, construído de forma muito eficaz à volta de umas quantas memórias pontuais. O testemunho do Inácio acaba assim:
«Por último disse: "Já que provavelmente é a última vez que nos vemos aqui, gostava de lhe perguntar se, como acupunctor e psicólogo, sabia como as pessoas podem mudar. Disse que não, e ele respondeu, usando a filosofia do candeeiro: "O candeeiro não é luz, não é electricidade, mas aceita, dentro de si, aquilo que ele não é." Assim nos despedimos, com toda a calma, paz, brilho e força que sempre tinha, sempre estimulando o viver para ser.»
Mais nada tenho a acrescentar.