domingo, junho 29, 2025

#TOLERÂNCIA182 - (DES)INFORMAÇÃO, ISRAEL E IRÃO

 #TOLERÂNCIA182 - (DES)INFORMAÇÃO, ISRAEL E IRÃO

Estou a preparar uma comunicação para o III Encontro Internacional de Solidariedade Intergeracional - Educação e Saúde Valores de Transmissão Intergeracional, que vai decorrerem 3 locais diferentes: em Odivelas (10 de Julho), Amora (10 e 11 de Julho) e Mação (11 e 12 de Julho).

Vou ocupar alguns minutos a falar da importância da Informação no combate e na desmontagem dos estereótipos e preconceitos negativos; e como tal pode promover a Tolerância entre as pessoas e nos grupos humanos.

Num breve intervalo, passo os olhos por algumas notícias dos jornais. Um deles tem um artigo que calha bem com o que estou a preparar.

O suplemento da edição de hoje do jornal diário "Público" traz um extenso e interessante artigo à volta das relações entre o Irão e Israel. Trago para aqui 2 ou 3 coisas que, do lado da informação, ajudam a combater a desinformação que grassa na Comunicação Social, sendo alguma por ignorância dos autores e muita deliberadamente incentivada por promotores interesseiros (sobretudo vindos do campo dos políticos carregados de ambições pessoais mesquinhas).

O primeiro trecho, sobre os mais novos que pensam que o Irão e Israel sempre se deram mal.

Os mais jovens não podem ter outra ideia que não seja olhar o Estado hebraico e o Irão persa como inimigos eternos. Mas não é verdade. É uma longa história, em parte tragédia e em parte farsa. Persas e judeus têm civilizações que se cruzam há muitos séculos. Basta ler a Bíblia ou pensar na festa judaica do Purim. E nada garante que a actual "mortal inimizade" entre eles não seja uma fase passageira no longo curso da História. Depois da Revolução Islâmica de 1979, que aboliu a ditadura laica do Xá

Reza Pahlavi, o ayatollah Ruhollah Khomeini decretou a ilegitimidade da existência de Israel em terra árabe e anunciou como meta a sua futura destruição. Nessa altura, a América era o "Grande Satā" e Israel o "Pequeno Satā". Antes disso, o Irão do Xá fora o aliado preferencial de Israel. Persas e judeus tinham um adversário comum: o nacionalismo árabe, de que o egípcio Gamal Abdel Nassser foi o grande símbolo. Por isso, Telavive e Teerão continuaram a fazer bons negócios, embora geralmente de forma encoberta.

O segundo trecho tem a ver com um testemunho na primeira pessoa, uma israelita especial, que luta pela boa informação e o entendimento:

Orly Noy é uma cidadā israelita, ou melhor, irano-israelita. Nunca se pode perder a nacionalidade iraniana. Mas, neste caso, ela ama a dupla nacionalidade. Emigrou do Irão aos nove anos. Gosta do hebraico, mas o farsi é a sua "língua materna". Acaba de publicar em Israel uma longa antologia de poesia farsi, em edição bilingue. Orly não é só uma irano-israelita. É uma activista, presidente do B'Tselem, Centro Israelita de Informação para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados. Comunica intensamente com amigos no Irão e na diáspora. É uma mulher zangada. "Partilhamos um espaço de uma das mais antigas e ricas civilizações. Mas não se ouve falar de mais nada a não ser de ayatollahs e programas nucleares. E nós precisamos de aprender a conhecer o Irão. Deprime-me a ignorância da sociedade israelita no que diz respeito à cultura iraniana. Tem uma das mais ricas poesias e um fabuloso cinema internacionalmente reconhecido."

O terceiro trecho é sobre a razão tolerante, os erros de percepção e a desagregação por causa do poder da geopolítica da região.

"O Irão era um enclave no coração do mundo dominado por países próximos dos soviéticos", escreve o semanário Le Point. "O xiismo aparecia então como a forma mais culta do islão político. Para o dizer de
uma forma mais simplista, era a forma mais aberta e tolerante, a mais parecida com a ideia que a Europa e os Estados Unidos faziam de uma religião secularizada. Em suma, o Irão era o ideal." Mas a ocidentalização do Irão encerrava também um "erro de percepção", pois reflectia sobretudo as elites e esquecia que o Irão era também uma sociedade pobre e muito conservadora, o que beneficiou o acesso ao poder de Khomeini e o êxito do seu populismo agressivo. A solidariedade israelita com o novo regime manifesta-se logo em 1980, quando o Iraque de Saddam Hussein invade o Irão, apostando na sua desagregação política. Em resposta, Menahem Begin, primeiro-ministro israelita, líder do Likud e da direita nacionalista, decide um apoio secreto aos ayatollah, pois a prioridade é enfraquecer o mais forte Exército árabe, o de Saddam.

O autor da notícia é Jorge Almeida Fernandes. Ele diz dele próprio: «Não escolhi ser jornalista, o jornalismo recrutou-me. Aos 20 anos, fui director de o Quadrante, da Associação de Estudantes de Direito, logo proibido pela Censura. Fui redactor de O Tempo e O Modo (1964-65 e 1969) e, passageiramente, da Seara Nova. Comecei o jornalismo profissional em 1969, na Vida Mundial, semanário de assuntos internacionais.» Quer dizer, quando rebentou a Revolução Islâmica de 1979, ele tinha já 10 anos de jornalismo profissional de assuntos internacionais. Parece ser fonte credível, e o que escreve não dependerá apenas do que outros jornalistas mais novos dependem absolutamente: as leituras retrospectivas ou retroactivas. (Pois, não sei se isto é verdade, se é legítimo eu pensar assim, se não é apenas o meu desejo de estar a ser bem informado)

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