domingo, agosto 02, 2015

Psicologia - Frase da semana, 02AGO15: SOBRE O HOMO EGOISTICUS

Psicologia - Frase da semana, 02AGO15: SOBRE O HOMO EGOISTICUS


«Não há dúvida de que o egoísmo do homem e das nações resulta
http://mankindinthebalance.blogspot.pt/2010/03
/can-humanity-still-improve-its-ways.html
em muitos casos do conhecimento imperfeito do problema que se coloca, sendo que cada pessoa se inclina para ver apenas o aspecto do seu interesse imediato.»
(Jean Monnet, Memórias, Ulisseia, 2004 (1976), p. 82)

Não sou adepto, ou melhor, sou muito reservado - sou mesmo desconfiado - acerca destas analogias entre o particular e o geral, entre o individual e o colectivo.
O que pretendo relevar especialmente com esta citação de um dos sonhadores-fundadores da Europa unida é a importância que ele dá à dimensão da informação necessária para que os indivíduos e os grupos possam pensar...com menos egoísmo nos assuntos ou questões que são inerentes à vida em grupo, seja ele nuclear (a família, a escola, o local de trabalho), seja ele extenso (as comunidades de pertença, a nação).
A incerteza, a dúvida, o desconhecimento geram insegurança; a insegurança gera retraimento, medo. Preocupado em salvar a sua pele, o indivíduo retrai o companheirismo, a cooperação, a solidariedade.
O egoísmo estará para o indivíduo assim como o nacionalismo estará para os países e as nações.
Noutra parte das suas Memórias, para obstar à emergência destes sentimentos negativos, Monnet empenhava-se da seguinte maneira:
Púnhamos as cartas na mesa e todos podiam ter a certeza de que usávamos a mesma linguagem com todos. Se nem sempre dizer tudo a todos, é indispensável dizer a todos a mesma coisa.
 Robert Cecil - que foi Prémio Nobel da Paz em 1937 pela sua contribuição para a constituição da Sociedade das Nações, fundada em 1919, em consequência directa da Primeira Grande Guerra -, era um estadista profundamente respeitado por Monnet. Dele Monnet cita a seguinte afirmação nas suas Memórias (p. 84):
Se as nações são no fundo egoístas, estúpidas e melindrosas, nenhum instrumento, nenhum mecanismo as conseguirá deter." 
Ainda segundo Monnet, a grande esperança de Cecil para se conseguir ter mão neste fundo egoísta era a seguinte: a opinião pública. Sim, a opinião pública. Informada, é claro.
E quanto vale a opinião pública? Quase 90 anos depois das crenças e descrenças de Cecil, James Surowiecki escreve um  muito interessante livro, A Sabedoria das Multidões, em que se mostra - convicentemente! - muito animado sobre o tremendo valor da avaliação das multidões, dando bom eco da optimista crença de Cecil. Assim ambos tenham razão!

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