domingo, fevereiro 22, 2015

«"O prazer de ser capaz!" - Isto é um plágio!»

(texto apresentado no Ciclo de Conferências "Cruzar saberes: Um percurso reflexivo transdisciplinar", no Centro de Formação de Escolas António Sérgio (Lisboa), em 20 de Fevereiro de 2015)
Captamos, integramos, assimilamos a Realidade através das entradas sensoriais com que a biologia da espécie nos equipou; conduzimos depois essas sensações para o cérebro, que a Evolução trouxe a um estádio espantoso de desenvolvimento e competência. Generosa, a Evolução equipou-nos também com uma extraordinária capacidade de produzir sons, e com isso criámos falas que transportam significados a propósito da Realidade que nos envolve, mas também da que criamos dentro de cada uma das nossas cabeças.
Sem que ainda o saibamos explicar, os bebés novos falantes ganham muito rapidamente o domínio das gramáticas das línguas e aceleram exponencialmente a capacidade de aprender, de criar e de comunicar… até que – repito-o – os professores, com a conivência dos pais – refreiam essa notável competência infantil e distorcem-na; isso mesmo, distorcem-na. Nos ministérios governamentais tutelares, gentes de valor muito duvidoso enchem-se da ilusória crença de que têm a sabedoria para tornar as suas crianças os mais capazes prémios nobel do Mundo e enchem os professores de directivas e regulamentações para que realizem essa balofa ilusão – e, distorcendo professores, distorcem o desenvolvimento do pensamento, da inteligência e da capacidade de aprender dos alunos, estragando-lhes, quantas vezes irremediavelmente, o prazer de serem capazes.
(a versão completa do texto, certamente bem mais humorada, está aqui:
https://sites.google.com/site/autoregulacaodocomportamento/textos-pessoais)

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