Hoje voltei ao Redondo, com o parceiro habitual destes passeios que sabem sempre muito bem. A parceira de algumas vezes também foi. E uma estreante, de quatro patitas sempre muito vivas, alegres e brincalhonas.
Nas Vinhas, consolámo-nos com o delicioso cozido de grão, na companhia sempre desejada do casal parceiro do costume.
Depois, fomos visitar o Pardal, amigo de espiritualmente alegres, gastronomicamente deliciosos, socialmente divertidos e... repetidamente caricatos (Eh! Eh!...) momentos. Com cuja memória posteriormente nos divertimos outra vez, sem nunca chegarmos à exaustão. Na dúvida do caminho para chegar a sua casa, valeu-nos outro parceiro de petiscadas e convívios, o Jorge. Cumprimentámos a Rosa logo mesmo antes de batermos à porta, e finalmente fomos recebidos pela Manuela. Abraçámos o Pardal e depois fez-se a conversa. Desejámos-lhe as melhoras e prometemos voltar em breve.
A caminho de Lisboa, disfrutámos outra vez os campos lindos do Alentejo.
Tenho recorrentemente pensado em João de Deus, um dia destes aqui direi porquê. Ou melhor, aqui várias vezes direi porquê. Por esse pensamento recorrente, a olhar as paisagens que me encantavam, lembrei-me do título "Campo de Flores".
Assim que cheguei a casa, fui ver o que tinha do "Campo de Flores". E encontrei estes versos, que me fazem lembrar os versos do Menino Jesus de Fernando Pessoa que desceu do céu, e me fazem lembrar também o cantar alentejado do rouxinol que repenica o canto.
É ao amigo Pardal que dedico os versos, como prova da minha muito grande satisfação de com ele ter estado hoje outra vez. E deixo aqui também um beijinho "repenicado" à minha amiga e sua companheira Manuela.
Hymno de Amor - João de Deus
Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazareth,
Em companhia
De San José,
O bom-Jesus,
O Deus-Menino.
Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha attrahido,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sae do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe n'um canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma cadencia,
Que commovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avesinha
Continuando
No seu gorgeio
Em quanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
À dianteira
E mal poisava,
Não afrouxava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!
Assim foi indo
E foi seguindo
De tal maneira,
Que noite e dia
N'uma palmeira,
Que havia perto
D'onde morava
Nosso Senhor
Em pequenino,
(Era já certo)
Ella lá estava
A pobre ave
Cantando o hymno
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!
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