sábado, fevereiro 07, 2009

João de Deus - a caminho do Alentejo, a ver o Pardal

Hoje voltei ao Redondo, com o parceiro habitual destes passeios que sabem sempre muito bem. A parceira de algumas vezes também foi. E uma estreante, de quatro patitas sempre muito vivas, alegres e brincalhonas.
Nas Vinhas, consolámo-nos com o delicioso cozido de grão, na companhia sempre desejada do casal parceiro do costume.
Depois, fomos visitar o Pardal, amigo de espiritualmente alegres, gastronomicamente deliciosos, socialmente divertidos e... repetidamente caricatos (Eh! Eh!...) momentos. Com cuja memória posteriormente nos divertimos outra vez, sem nunca chegarmos à exaustão. Na dúvida do caminho para chegar a sua casa, valeu-nos outro parceiro de petiscadas e convívios, o Jorge. Cumprimentámos a Rosa logo mesmo antes de batermos à porta, e finalmente fomos recebidos pela Manuela. Abraçámos o Pardal e depois fez-se a conversa. Desejámos-lhe as melhoras e prometemos voltar em breve.
A caminho de Lisboa, disfrutámos outra vez os campos lindos do Alentejo.
Tenho recorrentemente pensado em João de Deus, um dia destes aqui direi porquê. Ou melhor, aqui várias vezes direi porquê. Por esse pensamento recorrente, a olhar as paisagens que me encantavam, lembrei-me do título "Campo de Flores".
Assim que cheguei a casa, fui ver o que tinha do "Campo de Flores". E encontrei estes versos, que me fazem lembrar os versos do Menino Jesus de Fernando Pessoa que desceu do céu, e me fazem lembrar também o cantar alentejado do rouxinol que repenica o canto.
É ao amigo Pardal que dedico os versos, como prova da minha muito grande satisfação de com ele ter estado hoje outra vez. E deixo aqui também um beijinho "repenicado" à minha amiga e sua companheira Manuela.

Hymno de Amor - João de Deus

 

Andava um dia

Em pequenino

Nos arredores

De Nazareth,

Em companhia

De San José,

O bom-Jesus,

O Deus-Menino.

Eis senão quando

Vê num silvado

Andar piando

Arrepiado

E esvoaçando

Um rouxinol,

Que uma serpente

De olhar de luz

Resplandecente

Como a do sol,

E penetrante

Como diamante,

Tinha attrahido,

Tinha encantado.

Jesus, doído

Do desgraçado

Do passarinho,

Sae do caminho,

Corre apressado,

Quebra o encanto,

Foge a serpente,

E de repente

O pobrezinho,

Salvo e contente,

Rompe n'um canto

Tão requebrado,

Ou antes pranto

Tão soluçado,

Tão repassado

De gratidão,

De uma alegria,

Uma expansão,

Uma cadencia,

Que commovia

O coração!

Jesus caminha

No seu passeio,

E a avesinha

Continuando

No seu gorgeio

Em quanto o via;

De vez em quando

Lá lhe passava

À dianteira

E mal poisava,

Não afrouxava

Nem repetia,

Que redobrava

De melodia!

Assim foi indo

E foi seguindo

De tal maneira,

Que noite e dia

N'uma palmeira,

Que havia perto

D'onde morava

Nosso Senhor

Em pequenino,

(Era já certo)

Ella lá estava

A pobre ave

Cantando o hymno

Terno e suave

Do seu amor

Ao Salvador!

 

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