O novo estatuto do aluno e o regime de faltas é um dos temas, ou são dois dos temas, que alimenta(m) o desentendimento entre os professores e a equipa responsável do Ministério da Educação.
As acções na escola devem, todas elas, ter um caracter formativo. E devem ser claras, para não deixarem dúvidas. Dúvidas que criem confusão e impeçam a aprendizagem, seja ela cognitiva, social ou outra.
Vejamos um exemplo, sem mais delongas, que arriscariam a empurrar logo qualquer leitor para a opinião e a posição do autor deste apontamento. Portanto, cada um pense o que quiser.
Vou tentar ser o mais objectivo possível.
Tínhamos acabado de entrar na sala de aula. Tratava-se de uma turma do 11.º ano. Enquanto eu procedia às tarefas tradicionais de abertura da lição, olhando os papéis e os dossiers, portanto, sem os olhos fixados nas alunas em questão, ouvi o seguinte diálogo:
- Ê pá, que chatice, agora vou dois dias suspensa...
- E então?...
- E então!?... Estás maluca ou quê!?... Não vês que assim chumbo!?... Estou tapada de faltas!...
- Não chumbas nada, ó burra!... Estas faltas são justificadas.
Nesta altura, uma terceira voz, confirma que as faltas dadas por motivos de suspensão disciplinar estão automaticamente justificadas.
- Ai é!?... Ah, assim é bom!... Mas perco as aulas na mesma, e não sei nada, assim chumbo...
- Se é por isso, não chumbas nada, as aulas são compensadas, os "setôres" têm de dar depois essas aulas.
- Ai é!?... Mas, então... então, isso são férias. Olha, vou de férias!... Olha que bom!...
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