Os conceitos dominantes da sessão científica foram a criatividade e o empreendedorismo. O nome mais citado foi o de Thomas Edison. Ele e as suas próprias citações: Genius is one per cent inspiration, ninety-nine per cent perspiration; ou I have not failed. I've just found 10,000 ways that won't work.
Hoje em dia, por todo o lado, o entusiasmo com a criatividade e com o empreendedorismo é enorme! Ora acontece que Thomas Edison, especialmente ele, é um autor que nos deve pôr a pensar sobre o lado lunar dos comportamentos que têm a ver com a criatividade e o empreendedorismo. Fernando Blázquez, por exemplo, na sua interessante e muito curiosa obra "Histórias do mundo sem as partes chatas" (da Academia do Livro, 2010), diz o seguinte, na página 327:
"Mas se há um inventor com fama de pirata, esse é, sem dúvida, Thomas Alva Edison (1847-1931). Hoje sabe-se que a sua equipa incluía um grupo de detetives que se infiltrava no Departamento de Registo de Patentes. Depois, ele e os técnicos a seu cargo limavam os defeitos das ideias mais interessantes, e aperfeiçoavam-nas para as apresentar como ideias originais. Tesla [Nikola Tesla (1856-1943), que não viveu o suficiente para ver o Supremo Tribunal dos Estados Unidos atribuir-lhe a propriedade da patente da rádio que, afinal, glorificou Marconi] trabalhou para Edison, até não aguentar mais apropriações ilícitas das suas invenções e estabelecer-se por conta própria."
Não consigo evitar a vertigem de ser irónico ou mordaz sugerindo que se recorde uma outra citação também atribuída a Edison: "To invent, you need a good imagination and a pile of junk."
No encontro em Braga cheguei a falar na dimensão... ou traço... ou componente do perfil... ou... ou...ou... predador ou predadora do empreendedorismo. E depois falou-se de ética; mas ficou por discutir se a ética é exterior ao indivíduo e tem o condão de conseguir conter a intensidade predadora do (meu) empreendedor, ou se a ética é (mais) uma dimensão ou traço do empreendedor, assim justificando a tendência de considerar que o empreendedorismo e a criatividade são conjuntos de comportamentos ou estilos pessoais. Numa e noutra perspetiva, fica-se com a ideia que a criatividade e o empreendedorismo fazem (exclusivamente) parte do lado bom da vida. Será assim mesmo?...
Na verdade, nos tempos que correm, da mais pura selvajaria política e económica (seguramente com muito empreendedorismo na sua base), disseminada por toda a parte, receio que a investigação que nós, os psicólogos - e outros especialistas das ciências humanas -, entusiasmados com as nossas investigações e os nossos estudos, percamos a perspetiva adequada dos fenómenos - quiçá mesmo, alguma ética - e, de cabeça tão enfiada na terra quanto a avestruz, mais do que servir o Conhecimento Científico ou o Bem-Estar, a Saúde Mental e o Desenvolvimento Pessoal Harmonioso, estejamos a servir interesses que manipulam interesseiramente estas coisas que acabei de enumerar com letras maiúsculas. E manipulam-nos a nós!
Acredito que negar que o empreendedorismo contem a um nível micro, individual, psicológico, um lado lunar é correr o risco de escotomizar a realidade e comporta consequências graves na tramitação dos resultados da investigação psicológica e sociológica para a esfera da educação, nas escolas e nas famílias (e, porque não também, nas empresas?); e para a formação geral dos cidadãos.
No encontro em Braga cheguei a falar na dimensão... ou traço... ou componente do perfil... ou... ou...ou... predador ou predadora do empreendedorismo. E depois falou-se de ética; mas ficou por discutir se a ética é exterior ao indivíduo e tem o condão de conseguir conter a intensidade predadora do (meu) empreendedor, ou se a ética é (mais) uma dimensão ou traço do empreendedor, assim justificando a tendência de considerar que o empreendedorismo e a criatividade são conjuntos de comportamentos ou estilos pessoais. Numa e noutra perspetiva, fica-se com a ideia que a criatividade e o empreendedorismo fazem (exclusivamente) parte do lado bom da vida. Será assim mesmo?...
Na verdade, nos tempos que correm, da mais pura selvajaria política e económica (seguramente com muito empreendedorismo na sua base), disseminada por toda a parte, receio que a investigação que nós, os psicólogos - e outros especialistas das ciências humanas -, entusiasmados com as nossas investigações e os nossos estudos, percamos a perspetiva adequada dos fenómenos - quiçá mesmo, alguma ética - e, de cabeça tão enfiada na terra quanto a avestruz, mais do que servir o Conhecimento Científico ou o Bem-Estar, a Saúde Mental e o Desenvolvimento Pessoal Harmonioso, estejamos a servir interesses que manipulam interesseiramente estas coisas que acabei de enumerar com letras maiúsculas. E manipulam-nos a nós!
Acredito que negar que o empreendedorismo contem a um nível micro, individual, psicológico, um lado lunar é correr o risco de escotomizar a realidade e comporta consequências graves na tramitação dos resultados da investigação psicológica e sociológica para a esfera da educação, nas escolas e nas famílias (e, porque não também, nas empresas?); e para a formação geral dos cidadãos.
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